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E SE NÃO HOUVER AMANHÃ?
No escuro da noite olhou para os números luminosos do relógio digital. '3h20? Mas o que me deu para acordar a esta hora?' Fechou os olhos. Puxou a roupa da cama para si e tentou adormecer. ‘Porque o vento me trouxe o seu olhar…’ Insurgiu-se contra si mesma. Agora até a meio da noite aquelas palavras se intrometiam no seu sossego. Tinha de ser capaz de ignorá-las, de esquecê-las. Que valor tinham aquelas palavras? Se nem sequer sabia quem seria o autor e remetente delas. Neste diálogo consigo mesma foi insistindo para adormecer. Os minutos passaram… as horas também... e nada mais via do que os números luminosos do relógio digital. E nada mais ouvia do que a repetição das mesmas palavras ‘Porque o vento me trouxe o seu olhar…’ se ao menos não lhe tivesse dado aquele impulso de apagar a sms sem olhar para o número, sem o guardar… para que serviria a descrição do Sr. Gaspar? Como saber quem poderia ser um homem de estatura elevada, cabelo curto, aparentando cerca de 40 anos?... ‘Não serve para nada, pois o que preciso é de dormir. De esquecer. De me preocupar com realidades. E não com isto que só a minha mente está a tornar um problema real!’ O cansaço acabou por arrastá-la para o sono. Menos duradouro do que era habitual. Menos repousado. Por isso lhe pareceu que apenas haviam passado minutos quando o despertador tocou. De olhos fechados tentou desligá-lo. Carregou no botão mas… ainda não era a hora de despertar… foi então que se apercebeu que o toque era o de chegada de mensagens no telemóvel. ‘… cada minuto que foge no vento’ era o texto da primeira sms desse dia.
1 comentário:
"...são eternos segundos de espera..."
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