sexta-feira, 29 de maio de 2009

RUI, HOJE!

Foto de U. Midtgaard

Caro Rui,

Deverá existir 0,099% de possibilidade de que algum dia leias estas linhas. Não faz mal! Escrevo-as mais por mim. E se for importante que tu saibas delas, acredito que algo te o proporcionará.

Inspirado num dos excertos das tuas peças, que só agora conheci apesar de já ter mais de 10 anos, escrevi um outro texto que talvez por aqui deixe qualquer dia. Ao escrevê-lo regressei atrás no tempo. E lembrei muita coisa. Tanta coisa. Foi como reviver o escrever dos textos de imprensa sobre os teus primeiros trabalhos, no teu regresso a Portugal. Voltei ao passado ao relembrar quando te os mostrei, quando discutimos a minha visão sobre as tuas criações e, depois, foi um correr de memórias. O teu receio de que os títulos que escolhias, principalmente o da Cartografia... pudesse ser considerado muito pretensioso. Lembrei e voltei a sentir o meu orgulho na partilha do êxito do teu regresso ao nosso País. Como o ‘mal-amado’ reentrava com o reconhecimento granjeado no estrangeiro por uma porta grande, muito grande. E lembrei algo do que, na altura, não pude evitar escrever-te pelo privilégio que senti de estar envolvido na ‘máquina’ que te trouxe, que te acolheu. E lembrei os arrepios e o apertar de garganta sentidos quando o GA te aplaudiu. E lembrei como fui surpreendido pelo acolhimento das tuas obras quando as apresentámos na Alemanha.

E foi hoje que escrevei esse tal texto e as memórias correram. E foi hoje que te encontrei na rua. Há coincidências inexplicáveis… e foi hoje que conversámos brevemente sobre as mudanças de rota a que a vida nos obriga. A que tu já passaste. A que eu estou a atravessar. E foi hoje que me deste força pela tua experiência recente. E com o teu charme característico me disseste que confiasse, que daqui a pouco tempo já conseguiria ver este momento como ultrapassado. E…

E hoje à noite, no teu rosto, revi o orgulho e a satisfação. Os ‘miúdos’ portaram-se mesmo bem! E eu nem ouvi o que depois lhes disseste. Não preciso de saber! Tu quando falas… sabes como cativar. E eles estavam no céu por te interpretar. E, seguramente, tu terás sido capaz de lhes dizer: ‘Obrigado! Sinto-me orgulhoso do trabalho que fizeram.’ Com lágrimas nos olhos, se preciso. E eles… se estavam no céu, terão subido para lá dele. E eles que estão a finalizar a sua formação, irão recordar para sempre as palavras do ‘Deus’, as tuas palavras. Mas eu não precisei de ouvir essas palavras que nem sei se terão sido essas. Não precisei pois li no teu rosto, enquanto a peça decorria, o orgulho verdadeiro que corria dentro de ti.

Perdoa-me estas palavras sentimentalonas. Mas são as que sinto como verdadeiras. Hoje! Hoje, neste dia em que me disseste que eu talvez te considerasse romântico por me revelares algo em que acreditaste... Se acreditar com o coração é ser romântico… TU ÉS ROMÂNTICO! Mas é tão bom acreditar com o coração… o pior é que a vida prega-nos partidas.

Um abraço.

2 comentários:

Alexandra disse...

A sociedade ou determinadas sociedades, tendem a não valorizar em determinadas alturas, alguém que merece ser chamado de especial. Contudo, os Amigos que o circundam, sabem de forma segura o quanto de singular tem essa existência. Normalmente, esses Amigos, reservam -lhe um cantinho especial no coraçao. Mais tarde, vai ser gratificante recordar...

Parapeito disse...

.De certeza que ele iria gostar de ler estas palavras...tão amigas.

A Acreditar só vale mesmo quando é com o coração...e depois se não fossem certas partidas que vamos apanhamdo vida fora...como podiamos dar lhe o verdadeiro valor ...

Um fim de semana cheio de brisas mansas