sexta-feira, 23 de abril de 2010

PALAVRAS COM OBJECTIVA


As imagens seduziram as palavras
As palavras provocaram imagens 


Palavras com objectiva
um convite para se deixar levar por trabalhos que só ambicionam proporcionar novas viagens…

a inauguração é no dia 1 de Maio, no Clube Literário do Porto



segunda-feira, 15 de março de 2010

NOVOS PAS[Ç]SOS


Calçada é o rumo actual deste[s] PAS[Ç]SOS


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

UM ANO DEPOIS




Há um ano atrás escrevi e publiquei Maturidade. Assim nascia o blog Paços d'Água. Lamentos impossíveis de conter, derramados na procura de serenidade. Palavras que mais não pretendiam do que expressar um doer, um pensar, um sentir. Passos que se foram sucedendo com a luminosidade dos dias.


Tive, então, a oportunidade de perceber que a blogosfera é também um universo de inúmeros baús de valor incalculável. Cruzei-me com os mais diversos gostos, nas mais vastas áreas do conhecimento. Aprendi muito, mas sobretudo tive o privilégio de me cruzar com espaços de seres que acredito serem singulares.


Sem que desse por isso e percepcionado como, as minhas palavras começaram a ser lidas por número crescente de bloggers. Foram crescendo os olhares sobre a minha escrita e as apreciações incentivaram-me a continuar a escrever. De gritos íntimos, o blog Paços d’Água passou a representar o desafio de tentar redigir sempre e melhor, exclusivamente pelo prazer de o fazer.


Ao concluir um ano de vida, assumo ter falhado o principal objectivo a que me propusera. O de publicar todos os dias do ano! Não o consegui cumprir. Indiscutivelmente, o mais grato prazer retirado deste período de vida de Paços d’Água é o saber ter sido lido e apreciado por muitos que estão bem acima da minha qualidade de escrita. É um regozijo. Foi motivo para que tantas vezes continuasse em momentos menos inspirados.


Ainda que correndo o risco de parcialidade quero deixar especiais agradecimentos à Alexandra com quem comunguei infinitos sentires menos luminosos; à Alice, uma senhora para quem as palavras não têm segredo; à Ana; à AnaMar em cuja escrita encontrei pedaços da minha e a quem devo um desafio ainda não cumprido; à C respeitável incentivadora das minhas palavras tantas vezes sublimando o real valor que lhes atribuo; à Carla outro dos casos a cuja arte me curvo; à Charlotte; à elsafer cujas passagens são sempre uma brisa refrescante; à Gi seguramente a mais cáustica das que me leram, quantas gargalhadas despertadas, quantas contra-argumentações pensadas...; à Gisela mais uma sublime artífice da palavra que tanto me incentivou de modo tão singular; à Helena Branco poeta cujas apreciações às minhas palavras são sempre rega de fertilidade; à Jardins de Laura; ao J. Ribeiro Marto um cordial pastor de palavras que se bebem numa constante Primavera; à Laura; à Luísa; à Luz; à Malina portadora de inquietudes em que me revi e onde encontrei sugestões que se tornaram emblemáticas; à mariab exímia artista da escrita que tantos elogios me deixou no começo; à Maria Clarinda quanta ternura por aqui deixou nos seus comentários; à Marta… tanto, tudo, íssimo... por dizer, para dizer… sempre…; à Milhita portadora de palavras irmãs que me fascinam pela facilidade com que escorrem; à Milouska que foi a primeira a comentar as minhas palavras e incondicional seguidora dos primeiros meses de vida deste blog; ao ParadoXos hábil trabalhador da palavra que também por aqui deixou a sua apreciação; à Parapeito um fresco olhar sempre bem-vindo da sua janela; à Patti autora de textos cuja sensibilidade guardo como inigualáveis; à Piedade que me concedeu o privilégio de escrever a duas mãos com as suas palavras ímpares;  à Sonja, incondicional parceira de tantas boas memórias deste espaço; fiel seguidora dos meus passos abraçámos compromissos que se estendem para além dos Paços d’Água; à Sonia Schmorantz uma presença sempre agradável do outro lado do Atlântico; à so_she_says; à Susana implacável seguidora das minhas palavras nos meses mais recentes nunca se coibindo de cobrar o que sentiu devido; à Teresa Queiroz continuamente assim em constantes espreitadelas; à Tia Cunhada que expressou tantas vezes o facto de se ter revisto na minha escrita e, continuamente, tem insistido para que publique o que escrevo; à Vera de Vilhena mais um caso de quem faz da escrita a sua missão e me deu o prazer de tantas vezes me deixar um sentido reconhecimento pelo que escrevo; à Zaclis poetisa da imagem que, por aqui, foi deixando aromas de além-mar; e a erros que por mais grosseiros que sejam acabam por nos fazer descobrir que afinal ainda há vida.


Um obrigado muito especial a todos os que foram inspiração de textos por mim publicados. Há quem saiba ser esse ‘alguém’ para quem escrevi. Outros talvez o venham a saber daqui a algum tempo e outros, ainda, nunca o saberão.


A todos – os acima mencionados e os outros não esquecidos, aos declarados seguidores e aos que incognitamente o foram – reitero o meu mais sincero agradecimento. O Paços d’Água fecha hoje a porta. Permanecem janelas abertas que permitem sempre espreitar todos os passos por aqui dados. Fica a certeza de que outros passos nos permitirão cruzarmo-nos pelas avenidas virtuais.


Acreditem ter sido um sincero prazer partilhar inúmeros momentos convosco. Até sempre!


PAS[Ç]SOS

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

AFINAL AINDA HÁ VIDA




Afinal ainda há vida
na velocidade de pensamentos viajantes
aterrando em hangares de memórias
escritas sem narração.


Afinal ainda há vida
na limpidez dum sorriso espontâneo
abrindo janelas no peito
de braços aguardadores.


Afinal ainda há vida
no cristal dum olhar que brilha
revelando palavras incapazes
do coração falar.


Afinal ainda há vida
no tactear dos dedos pela pele
segredando sabores secretos
de desejos ardentes.


Afinal ainda há vida
na mão aberta e estendida
para a luz gritante da alma afirmativa:

‘Hoje começa o amanhã!’


sábado, 16 de janeiro de 2010

NO SILÊNCIO DO MUNDO

© cm


No silêncio do mundo
sussurra um eco de sonoridades
fugitivas duma partitura
de que a natureza guarda
o segredo da composição.


Abre-se o infinito do céu

sobre um espelho tranquilo
onde a natureza mergulha
na segurança de permanecer
à superfície das águas.

Descobre-se nas margens dum olhar
a fronteira que delimita a felicidade.
Caminham-se passos novos
nas memórias desejosas de reviver.

Abrem-se na claridade dum novo dia
sonhos arremessados que não submergem,
atraídos pelo sabor dum abraço,
preso ao coro dos sentires
que se dissolve no espelho do mundo.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

CINZAS E SANGUE

Imagem recolhida aqui


A fotografia rapta-nos a sensibilidade. Ambiências, cores, enquadramentos, paisagens são espreitares por onde caminhamos ao encontro da fantasia que Fanny Ardant nos oferece como realidade. Na intemporalidade duma época viajamos pela sugestão de localizações, pequeno pormenor de quem quererá demonstrar que a indomabilidade duma vida é comunhão sem origem, nação ou tempo.

Há partidas que mais não são do que fugas. Convencimentos forjados de reconstrução como se fosse possível rasgar as páginas de história que não quisemos ou nos arrependemos de escrever. Calam-se segredos na negação de saber que os poluentes persistentemente se mantêm à tona das águas. E recusam-se regressos inevitáveis.

Porém, quando o sangue chama não há como enganar a realidade. Impõe-se condições. Estabelecem-se regras. Tenta-se esquecer a verdade. Mas não há como ignorar a irreverência herdada, o orgulho que é mais forte do que a razão. Os pactos que nunca chegaram a ser ensinados sobrevêm nos laços familiares. E não se consegue evitar a colheita semeada.

No desespero corre-se na ilusão de que a vontade transformará o percurso do futuro por acontecer. Cede-se um flanco na ansiedade de defesa de outro. E a simplicidade da vida limita-se a demonstrar que acabaremos, inevitavelmente, por ser réus sentados na cadeira onde Alguém nos julgará e condenará a cinzas o que abraçáramos como esperança.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

NO FOGO DA NOITE

© Björn Folkstedt


Antes que as velas apaguem o seu lamento
e a noite desça sobre a escadaria
onde amantes se despem de segredos,
as palavras desembainham gumes de mel
por entre a saliva ardente das bocas.

Antes que a cegueira desbrave
as planícies de juízo ceifado
onde os corpos se voluntariam em batalha,
os olhares resistem ao esgazeamento
em que o desejo lapida a memória.

Antes que as roupas se despeçam
dos corpos caídos sobre o leito
entregues à aventura do fogo,
os dedos namoram esconderijos da pele
estancando-se em açudes de prazer.

E só quando as bocas se mordem,
as mãos se beliscam ofegantes
e as línguas se amarram apaixonadas,
os corpos se condenam à possessão
em ritmo incendiado de rendição.

Sobejam então no ocaso
abraços cativos de carícias,
extinguem-se cinzas de ternura
em beijos acesos na devolução
dum momento incandescente
madrugando no amanhã.