
Antes que as velas apaguem o seu lamento
e a noite desça sobre a escadaria
onde amantes se despem de segredos,
as palavras desembainham gumes de mel
por entre a saliva ardente das bocas.
Antes que a cegueira desbrave
as planícies de juízo ceifado
onde os corpos se voluntariam em batalha,
os olhares resistem ao esgazeamento
em que o desejo lapida a memória.
Antes que as roupas se despeçam
dos corpos caídos sobre o leito
entregues à aventura do fogo,
os dedos namoram esconderijos da pele
estancando-se em açudes de prazer.
E só quando as bocas se mordem,
as mãos se beliscam ofegantes
e as línguas se amarram apaixonadas,
os corpos se condenam à possessão
em ritmo incendiado de rendição.
Sobejam então no ocaso
abraços cativos de carícias,
extinguem-se cinzas de ternura
em beijos acesos na devolução
dum momento incandescente
madrugando no amanhã.
4 comentários:
obrigada pelas palavras no ampulhetas
palavras que ilustram o meu sentir :)
passo mais tarde para ler o teu poema com olhos de ler
bj
teresa
Uma descrição perfeita!
E é dia outra vez :-)
Saudades dos teus poemas...
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