quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

NO FOGO DA NOITE

© Björn Folkstedt


Antes que as velas apaguem o seu lamento
e a noite desça sobre a escadaria
onde amantes se despem de segredos,
as palavras desembainham gumes de mel
por entre a saliva ardente das bocas.

Antes que a cegueira desbrave
as planícies de juízo ceifado
onde os corpos se voluntariam em batalha,
os olhares resistem ao esgazeamento
em que o desejo lapida a memória.

Antes que as roupas se despeçam
dos corpos caídos sobre o leito
entregues à aventura do fogo,
os dedos namoram esconderijos da pele
estancando-se em açudes de prazer.

E só quando as bocas se mordem,
as mãos se beliscam ofegantes
e as línguas se amarram apaixonadas,
os corpos se condenam à possessão
em ritmo incendiado de rendição.

Sobejam então no ocaso
abraços cativos de carícias,
extinguem-se cinzas de ternura
em beijos acesos na devolução
dum momento incandescente
madrugando no amanhã.


4 comentários:

Unknown disse...

obrigada pelas palavras no ampulhetas

palavras que ilustram o meu sentir :)

passo mais tarde para ler o teu poema com olhos de ler

bj
teresa

Anónimo disse...

Uma descrição perfeita!

AnaMar (pseudónimo) disse...

E é dia outra vez :-)

Tia [Zen] disse...

Saudades dos teus poemas...