sábado, 16 de maio de 2009

DEFINIÇÃO DE TI

Foto de Bror Johansson

Dou por mim, inúmeras vezes, a tentar te definir. Quase sempre me perco em divagações que acabam por se dissipar no tempo imediato. Já aconteceu pensar ter encontrado a solução mas quando a começo a desenvolver percebo que afinal não será a adequada. Aconteceu relativamente a ‘coisas’ de que gosto ou careço. O ar de que preciso para respirar, mas será excessivo pois mesmo que o sinta necessitar, continuarei vivo sem te respirar. Ou o mar, onde gosto de mergulhar, ou simplesmente contemplar. Mas os mares são alguns e logo, como definição, oposto à tua unicidade. 

Hoje, pensei em algo para que ainda não encontrei ressalva: o Céu. O céu é uma presença quotidiana na minha vida. Todos os dias ele fica à distância duma janela, duma porta, duma rua, dum olhar. Não lhe toco, mas sei-o lá. Sempre. E não há dia da minha vida em que ele não exista. Não o lembre. Qual memória leve mas nunca descontínua. E se escurece é porque adormeço. Se fica cinzento é porque desapareces. Se nele se mostra o sol é porque te vi resplandecer. Se chove é porque choras. Se troveja é porque me feres. Se toca no mar é porque o amor mergulhou no desejo. Se se enche de estrelas é porque duas delas são o teu olhar a brilhar para mim. E se a saudade chega… corro à janela e olho-te! 

Só não sei onde encaixar as nossas palavras… talvez elas reflictam a impossibilidade dum terreno comunicar com o céu… era tão bom se tu o fosses… e eu te pudesse ver sempre que o desejasse.


4 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um texto muito belo.

beij

AnaMar (pseudónimo) disse...

Lindo. Sem palavras para comentar uma definição tão ...sentida. Única.

Gisela Rosa disse...

"Um canto na espessura do tempo"

Nuno Júdice





Ps: susbstitua p.f. o coment. anterior

helenabranco.poet@gmail.com disse...

procura o amor em cada partícula...para se certificar que existe e pelo caminho vai adornando tudo á sua passagem...para o receber

Ah! querido ser como bem entendo o seu zêlo...