quinta-feira, 7 de maio de 2009

A CARTA QUE NUNCA LI

Foto de Rhana Griffin

Meu amor,

Como queres que escolha uma se me ofereces todas? Foi com a combinação dos seus perfumes e a harmonia das suas cores que me presenteaste. O aroma de cada uma é único, mas deste-me a conhecer o de todas. É singular a tonalidade de cada uma, mas foi a paleta de todas que me proporcionaste. Seria como se me tivesses oferecido um bosque e me pedisses para escolher uma árvore. Como se me oferecesses o céu e me dissesses para escolher uma estrela. Como se me oferecesses o mar e me rogasses que escolhesse uma onda. Como se me pedisses para escolher uma mão, quando é com as duas que me seguras o rosto. Como se tivesse de preferir um braço, quando é com os dois que me abraças. Como se tivesse de escolher um olho, quando é com os dois que me derretes. Como se me oferecesses um dia, e eu tivesse de eleger a manhã, a tarde, a noite, a madrugada… Como se me oferecesses uma planície e eu decidisse qual a estação para nela viver. Como se me oferecesses um poema e eu seleccionasse um verso. Como posso eu escolher? Tivesses sido tu a escolher a que preferias me oferecer…. Como posso eu escolher um sentimento se és o todo que te me ofereces?

5 comentários:

helenabranco.poet@gmail.com disse...

Não há... outra escolha possível...

Senhor Poeta, difícil é acreditar que ainda haja quem debruçe o Amor
sobre palavras inteiras...

jardinsdeLaura disse...

Pas(ç)sos,

Escrever assim devia ser proibido! Tive a sensação de já ter sentido tudo isso sem nunca ter encontrado as palavras certas para o dizer! Parabéns!

P.S. A primeira frase não se quer séria, pois não passou de um desabafo de quem sentiu uma ligeira ainda que bem definida pontinha de inveja!

Tenha um Bom Dia... e até mais logo

Heduardo Kiesse disse...

sinceramente, ADOREI!!!!


abraços meus

Gi disse...

Pois se calhar deverias tê-la lido, provavelmente descobririas muito do que ela não disse.

Alexandra disse...

Se falarmos em termos do pensamento emocional, o todo é sempre diferente da soma das partes. Isto porque cada parte tem o poder de modificar o todo...

As minhas palavras são somente uma forma mais pragmática de traduzir o que, de forma tão bela, escreveu.

Todos temos cartas que nunca lemos. Talvez seja esse o factor que nos faz seguir em frente...

Os meus parabéns.

Até mais.