quinta-feira, 4 de junho de 2009

PERDAS

Foto de Giorgio Lorcet

Quando nascemos somos vazio ávido de aprender, de apreender, de recolher. No primeiro instante temos de descobrir como respirar, logo em seguida temos de saber nos alimentar e começa então uma sucessão sôfrega do acto de aprendizagem, em que recolhemos conhecimentos como água que jorra quando a comporta se abre. Sem que demos por isso vamos juntado, coleccionando, guardando, ganhando. E nunca parece demasiado aquilo que temos, pois há sempre lugar para mais.

Até ao dia em que perdemos algo. E acreditamos ter de compreender, ter de aceitar que há perdas. E o tempo passa e a ordem das grandezas inverte-se. E começam cada vez a ser menos os bens que ganhamos… e começam a aumentar as perdas. E tentamos convencer-nos de que a vida é isso mesmo: ganhar para depois perder. E as perdas vão aumentando em número e valor. E se algumas perdas se substituem, outras há que não têm possibilidade de ser repostas.

Por mais que me habitue à vida com perdas, não me habituo a viver sem algumas perdas que a vida me oferece. São duras demais para as aceitar, para as compreender, para as esquecer, para viver sem elas.

10 comentários:

sonja valentina disse...

a vida é ganhar e perder. faz parte. é assim porque sim. porque tem que ser.

Conformada? nada disso! só que assim damos mais valor ao que voltamos a ganhar depois de perder.

e crescemos e aprendemos e voltamos a ganhar, o que não significa que tenhamos que voltar a perder.

mas se tiver que ser, pelo caminho fomos ficando mais fortes e resistentes.

o que perdemos hoje ganhamos amanhã noutra forma, com outro sentido e diferente significado.

assim é a vida: ganhar e perder. mas feitas bem as contas o balanço é positivo.

um abraço.

Laura Ferreira disse...

Pois eu concordo. Mas são também as perdas que nos ensinam tanta coisa...

elsafer disse...

Ficam os momentos que fazem parte de nós ....
Gostei que participasse no meu blog
Estarei atenta...

Marta disse...

Prefiro pensar que nada se perde! Tudo se transforma!


ps: querida Sonja e tb concordo contigo numa e noutra afirmação.


abraço aos dois...com sol :)

Gi disse...

Conheço bem esse sentimento. Comecei bem pequena perdendo o lugar onde nasci.
Aprendi, no entanto, a optimizar as perdas e, por vezes, penso-me insensível por parecer não as sentir, amando eu tanto quem e o que perdi; depois racionalizo e vejo que coloquei esse sentimento num imenso poço que construí no meu coração.

helenabranco.poet@gmail.com disse...

Nascemos para ir acumulando e perdendo até nos extinguirmos...

somos um gráfico irregular com dois pontos exactos no começo e no términus...no entretanto sobra tanto. sobra tanto para viver!

Parapeito disse...

...como eu senti estas palavras...
Um abraço*

Charlotte disse...

Há perdas irreparáveis na vida...temos de aprender a saber lidar com elas...e às vezes é tão difícil, principalmente quando essas perdas são pessoas muito queridas, muito próximas de nós, pessoas insubstituíveis.
Vimo-nos obrigados a crescer mais depressa.

Um bom fim-de-semana!

Alexandra disse...

As perdas tiram-nos vida. Mas quando conseguimos, quando estamos preparados para as superar (não para as esquecer, porque é impossível) ficamos com a sensação de que valeu a pena, apesar de tudo...

No fundo, as perdas são aquilo que guardámos mais fundo em nós, daí o seu valor insubstituível!

Luísa disse...

E não são as perdas que nos fortalecem para valorizar os ganhos?
Vá lá!A vida obraga-nos a ser "valentóes", sem nos perguntar se aguentamos...
A vida é mesmo assim!
Beijinho terno!