sábado, 27 de junho de 2009

DISTRACÇÕES

Foto de Zsolt Arkossy


Há uma característica comum a demasiados governantes, dirigentes, líderes e outras camadas de detentores de poder. Refiro-me à necessidade de ignorar, omitir ou ocultar o que os antecedeu. E quando o referem é, habitualmente, com a necessidade de se mostrarem mais capazes do que aqueles que, mal ou bem, criaram as pernas da cadeira onde agora se sentam. Repito que o tenho observado quer em mais altos dignitários, quanta nas mais singelas posições de direcção.

Atente-se no exemplo de uma das mais credíveis e respeitadas instituições nacionais. Se realizarmos uma busca no seu sítio institucional, só encontraremos uma referência ao Dr. José de Azeredo Perdigão, na área sob a responsabilidade do Serviço das Comunidades Arménias… !?!...

Para quem eventualmente possa não saber, o Dr. Azeredo Perdigão foi o primeiro presidente da Fundação que Calouste Sarkis Gulbenkian decidiu sediar em Lisboa. Dirão alguns que terá tido influência, enquanto advogado do filantropo, nessa decisão… creio não ser possível negar que terá sido responsável pela sustentabilidade e crescimento da Fundação. Foi sob os seus humanísticos desígnios que a instituição substituiu o Estado português naquilo que o último não soube, não conseguiu, não pôde, ou não quis intervir, quer a nível social, quer a nível cultural. Contudo, transparecerá agora ao menos curioso observador que o trabalho por si desenvolvido não terá sido digno de ser [re]conhecido… quiçá terá não cumprido as determinações do testamento do fundador… tal o evidente esquecimento a que é vetado.

Quando assim acontece, e se não é propositado… só admito que seja distracção, dos que agora dirigem, pensar que sem a acção dos seus antecessores poderiam um dia assumir-se como dirigentes da instituição que foram outros a criar, desenvolver, fortalecer. Perdoe-se-lhes, pois, a desatenção.

É que não serão só os historiadores a fazer a História. Cada um de nós deve sentir-se na obrigação de o fazer. Ou não nos honraremos nós que os nossos filhos, um dia, falem aos seus filhos de quem foram os seus avós?

3 comentários:

Luísa disse...

Verdade, verdadíssima!
Cada nosso gesto é fotografa como exemplar...os bons e os maus serão copiados como um exemplo a seguir!

Façamo-nos desempenhar um melhor papel...

Beijinho de concordãncia!

Gi disse...

São lapsos de memória e a memória é tão curta e volátil!

Patti disse...

No próprio site? Então é de enviar mail a 'reclamar'.