Olhava-a como se ao contemplar um quadro lhe tentasse descobrir a sucessão de tintas aplicadas até à composição final. Tentava perceber-lhe cada traço que a delimitava, que a desenhava, que a preenchia, que a delineava. Sem movimento o olhar dele percorria-a, milímetro por milímetro, arredando-lhe os cabelos, tocando-lhe a pele, adivinhando-lhe pensamentos.
Sentia-se observada e lançava para o exterior a sua atenção ocular. Não derretia a postura, ouvia o olhar que a calcorreava. E vibrava interiormente com a sensação doce de se sentir distinguida. Aqueles instantes, em que experimentava ser o centro de admiração para alguém, devolviam-lhe uma segurança pela qual, tantas vezes, procurava sem resultado.
Ponderada e estrategicamente desviava o olhar da janela e encaminhava-o para aquele ser que a contemplava. Tentou olhar-lhe nos olhos mas não os encontrou. Intencionalmente, ele, afastava-os ao pressentir a chegada dos dela. Parou nele. Não como quem descobre, mas sim como quem espera. Não procurava. Aguardava que lhe fosse revelado. Não se inquiria. Chamava, com o seu olhar, aquele outro para que voltasse, para que desse continuidade àquele prazer de se sentir espreitada.
Pelo menor ângulo, ele observava o olhar dela, atento ao que dizia. Quando deliberadamente o dela voltava à janela, dando-lhe espaço para o regresso, ele repetia a contemplação. Registava, com o seu olhar, uma infinita sequência de imagens, takes sucessivos dum filme para nunca realizar e despiu-lhe os pensamentos adivinhando a vontade dela, num jogo silencioso de sedução que se esfumou na estação em que ela saiu.
Sentia-se observada e lançava para o exterior a sua atenção ocular. Não derretia a postura, ouvia o olhar que a calcorreava. E vibrava interiormente com a sensação doce de se sentir distinguida. Aqueles instantes, em que experimentava ser o centro de admiração para alguém, devolviam-lhe uma segurança pela qual, tantas vezes, procurava sem resultado.
Ponderada e estrategicamente desviava o olhar da janela e encaminhava-o para aquele ser que a contemplava. Tentou olhar-lhe nos olhos mas não os encontrou. Intencionalmente, ele, afastava-os ao pressentir a chegada dos dela. Parou nele. Não como quem descobre, mas sim como quem espera. Não procurava. Aguardava que lhe fosse revelado. Não se inquiria. Chamava, com o seu olhar, aquele outro para que voltasse, para que desse continuidade àquele prazer de se sentir espreitada.
Pelo menor ângulo, ele observava o olhar dela, atento ao que dizia. Quando deliberadamente o dela voltava à janela, dando-lhe espaço para o regresso, ele repetia a contemplação. Registava, com o seu olhar, uma infinita sequência de imagens, takes sucessivos dum filme para nunca realizar e despiu-lhe os pensamentos adivinhando a vontade dela, num jogo silencioso de sedução que se esfumou na estação em que ela saiu.
4 comentários:
"ouvia o olhar que a calcorreava"...
Gostei deste brincar com os sentidos...
Que mulher não gosta de ser seduzida?
Que homem não gosta de se sentir desejado?
Muito bom, como sempre...
Nesse momento, em que o olhar dela se dirigiu para o grosseiro degrau da escada que descia, percebeu que jamais voltaria a perscrutar-lhe os sentidos, e, sem saber porquê, aquela imagem ficou-lhe cinzelada na memória. Em cada nova perda, após cada nova conquista, a imagem de uns olhos em busca dos seus voltava. E se tivesse aceitado o olhar?
Leio, escuto a musica. volto a ler.
E fico sem palavras para te dizer que...
Bj
...é bom seduzir...é bom ser seduzido :)
Gostei dests sedução****
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