sábado, 15 de agosto de 2009

PALÁCIO SPONZA

Foto da minha Canon


O Palácio Sponza será dos poucos edifícios que passou incólume ao sismo que destruiu Dubrovnik, em 1667. Durante a vigência da República funcionou predominantemente como alfândega. Foi, contudo e ainda, Casa da Moeda e Banco do Estado reunindo, pois, muitas áreas fulcrais para uma nação que vivia essencialmente do comércio.

No arco existente no átrio, e onde existia uma balança, está inscrito em latim um princípio que norteava os nativos de Ragusa: ‘As nossas tarefas não permitem enganar nem ser enganado. Quando pesamos a mercadoria é o próprio Deus que nos pesa.’

Actualmente, o Palácio Sponza alberga o que de mais importante existe sobre o arquivo histórico de Dubrovnik. A par de livros de grandes dimensões onde eram anotados os movimentos de transacção comercial do Estado, pode-se apreciar o Certificado de Criação da República de Ragusa, com data de 1358, bem como o decreto, assinado pelo General francês Marmont, que determina a abolição da República de Dubrovnik, em 31 de Janeiro de 1808.

No átrio está patente uma exposição de fotografia que nos mostra muitos dos mais notáveis momentos do Festival Internacional de Dubrovnik, o qual entre Julho e Agosto reúne concertos, recitais, espectáculos de teatro e de dança. Em algumas destas imagens é possível perceber como muitos dos espaços por onde o turista circula foram ou são adaptados para os eventos do festival. O próprio átrio do Palácio Sponza é prova disso.

Deixo, porém e intencionalmente, para o fim aquilo que testemunhei logo à entrada mas que acaba por ser o que mais interfere com a sensibilidade do visitante. Ao entrar, imediatamente à esquerda, uma pequena sala denominada ‘Memorial’ reúne imagens de muitas das vítimas do cerco sérvio de 1991. A par desses rostos humanos que pereceram, existem imagens de alguns pontos de relevo do hoje, como o Hotel Hilton ou a Stradun, em chamas. Entre essas fotos há uma que é um simples clarão de fogo desfocado. Foi tirada por um habitante da Dubrovnik no momento de ser mortalmente alvejado. A sua última foto. É impossível, ao visitante, passar incólume ao sentimento de revolta por barbáries como as que foram cometidas há menos de duas décadas atrás. Fica para a memória. Na superfície da pele de quem visita o Palácio Sponza, em Dubrovnik.


1 comentário:

Alexandra disse...

O último instante de quem deixou para a eternidade, a imagem das atrocidades que se cometem. Que são duas decadas?! Nada! Uma simples passagem de tempo...

Uma excelente visita guiada que tenho acompanhado. Obrigado!

Até breve!