quarta-feira, 12 de agosto de 2009

E SE NÃO HOUVER AMANHÃ?


Foto de Philip LePage

Não tinha sido fácil. Fernando escudara-se no sigilo deontológico para recusar o pedido que lhe fizera. Recusara-se a accionar uma pesquisa que lhe poderia provocar graves problemas disciplinares. Mas… um dia deu-lhe um número de telefone.

‘O que é isto?’, perguntou-lhe.

‘Não sei.’

‘Então porque mo dás a mim?’

‘Acho que andavas à procura de qualquer coisa’

‘Dum número de telefone? Para que quero eu isto?’

‘Não sei. Descobre.’

E surpreendeu-se com um número de telefone sem saber o que fazer com ele. Até que se decidiu marcá-lo.

‘Instituto Camões. Bom-dia.’

‘Bom-dia’, respondeu em tom de espanto.

‘Com quem deseja falar?’

‘Peço desculpa. Foi engano…’

Recuperou do inesperado e voltou a marcar o mesmo número.

‘Instituto Camões. Bom-dia.’

‘Bom-dia. Posso falar com Miguel Albergaria?’

‘O Dr. Miguel Albergaria não está. Quem deseja falar com ele?’

‘É… uma amiga. Saber-me-á dizer quando posso falar com ele?’

‘O Dr. Miguel Albergaria partiu em missão para Moçambique. Não existe qualquer dado que possa confirmar o seu regresso.’

‘… !?!?...’
‘Sim? Por favor…’

‘Peço desculpa. Não sabia… E como o poderei contactar?’

‘Lamento, mas não tenho como a auxiliar. Necessita de mais alguma informação?’

‘Não. obrigada…’

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