domingo, 13 de setembro de 2009

INCRÍVEL TASCA MÓVEL

Foto recolhida aqui

Considero ser pertinente perguntar se a intenção seria fazer um espectáculo. Respiravam-se uns leves laivos desta formatação, mas eram mais as não regras do que os princípios formais habituais.

Uma taberna abria-se sob o céu de Lisboa. Os 'clientes' corriam em busca da melhor posição, entre mesas e cadeiras que não negavam o peso dos anos e do uso. Em jeito de circo, o mestre-de-cerimónias anunciava a noite, descrevia a proveniência dos cenários e adereços, algumas personagens confundiam-se com o público, a maioria dos intérpretes confundia-se com as personagens.

As canções dos Oquestrada, intercaladas com incursões por Itália, Ucrânia ou fados alfacinhas, arrastaram-nos vertiginosamente ao longo de mais de duas horas. Um banho de raízes que nos agarram às proveniências. Como Marta Mateus, a vocalista, refere, as canções são partidas que anseiam pelo regresso. Nelas cheiramos as géneses culturais, as origens do grupo e, inevitavelmente, somos enviados aos nascimentos de muitas partes de nós. Popular, sem ser popularucha, a actuação dos Oquestrada permite-nos sentirmo-nos dentro, parte integrante da mesma. Ora com o acompanhar rítmico, ora seguindo as letras, ora para os mais impetuosos juntando-se à festa e à dança.

Desde a estrutura e ritmo da sequência, às figuras que povoam aquele imaginário que nos é oferecido, até aos instrumentos musicais utilizados, ou forma como alguns deles são tocados, quase tudo é anti-convencional. Mas no final só se pode ter uma forte e estruturada convicção: assistiu-se a um grande espectáculo! E como se tal não bastasse, no meu caso pessoal, ainda me apelou ao sentimento, à emoção das múltiplas referências a um local insignificante, imperceptível, ignorado, incógnito, ‘inexistente’ na rede de salas de espectáculo do nosso País: a Incrível Almadense, o primeiro palco que pisei.

Na passada sexta-feira, e no âmbito do Programa "Todos, uma caminhada de culturas", a Incrível Tasca Móvel atravessou o rio e instalou-se no Martim Moniz. Foi a primeira oportunidade que tive de ver os Oquestrada ao vivo. Na sexta-feira, houve festa, da rija, na Mouraria.

2 comentários:

continuando assim... disse...

pena não ter dabido disso....:(

bj
teresa

elsafer disse...

deve ser um ambiente interessante ....