sábado, 26 de setembro de 2009

FRAGILIDADE

Foto de barbara


Que sabor amargo
é o deste vento
que sopra a gávea do veleiro,
envolvendo-o de solidão;
à chegada ao molhe?
Que brilho diluído
é o desta estrela
que guia planetas carentes,
no embaraço indulgente
dum céu isolado?
Que reflexo baço
é o deste lago
banhando margens vazias,
desalentadas pela carícia
de rebentações fantasiadas?
Que calor derretido
é o deste abraço
arrebatado numa força inócua,
desaguando no endereço
que os corações não leram?
Que força é esta
que me desanima
a cada passo dado, estruturado,
mergulhando-me na ingratidão
de não reconhecer as forças
que me mantêm viva
a vida?
Que debilidade é esta
que toma conta de mim
quando me evado da certeza
de fazer de amanhã
o passo seguinte?

3 comentários:

Ana disse...

Uma debilidade que é força. As palavras como caminho.

helenabranco.poet@gmail.com disse...

Que é do livro que não escreve o poeta que assim sente? desfolhando pétalas em vontades soltas...
Que é da urgência de se concavarem os passos no rio de conchas e areias brancas flores pristinas... que o amanhecem no leito
Que tanto esperamos...

Vera de Vilhena disse...

...e os seus (belos) versos vêm assim, às golfadas, espumosos, contínuos,e nós ficamos encharcados ao lê-los. Quase lhes saboreio o sal e o cheiro a maresia que trazem.