segunda-feira, 7 de setembro de 2009

CONTRASTES


O cinza predominava nas tonalidades da cidade. Uma camada incolor cobria o céu. Os edifícios deformaram-se sob o peso da incredulidade. Faltava esperança para manterem a verticalidade. O desprazer esvaziara as ruas. A humidade proporcionara o nascimento de musgo pelo chão, sem cor. No pavimento, as pedras da calçada soltaram-se da areia, arrastadas por lágrimas secas, invisíveis, indefinidas, não localizáveis.

Sem se anunciar ela chegou. Inesperadamente sem que se percebesse porque vinha, de onde vinha. Chegou de surpresa como a chuva que interrompe um dia tórrido de Verão. Trouxe consigo a brisa que refresca o cansaço do Estio. Interrompeu a trama da solidão. Afugentou as nuvens. No coração dele espreguiçou-se um sorriso, adormecido nas escarpas da desilusão. As janelas da dúvida abriram-se para deixar entrar a ponderação. Pelo solo pequenos recantos verdes definiam áreas de vida.

E a cidade tomou cor quando ela desvendou o olhar do sol, arrastando jactos de tinta atrás de si. Como uma manhã que lhe acordou o coração.

3 comentários:

elsafer disse...

hum ... sem palavras

C. disse...

E é bom acreditar que há sempre uma manhã a qualquer hora do dia.
Bonito texto, este.

Tia [Zen] disse...

A vida é um espelho... podemos ver só o cinza ou o colorido. Tudo depende do nosso estado de (in)felicidade...
Saudades tuas lá pelo meu sítio.
Um beijo PasÇsos