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Quem acompanha o meu blog sabe que não é meu hábito responder aos comentários deixados. Quem não o acompanha poderá certificá-lo se tiver o trabalho de o ler.
Abro uma excepção, quem sabe se a primeira de outras que o futuro desvendará, em relação aos comentários que as actrizes de Inspiração é Respirar têm deixado. Permitam-me dizer-Vos [Ana Catarina e Dina] que passei muitos anos em cima dos palcos e conheço, na pele, o conforto dos aplausos, bem como o sabor menos agradável da crítica destrutiva. É preciso saber viver com todos eles!
As minhas palavras tentaram expressar a minha reacção ao que vi. Porventura terá sido culpa da minha expectativa de ir ver algo que superasse as palavras lidas do João Negreiros. Fiz questão de construir a minha opinião de uma forma o mais construtiva possível. Tal não implica, no entanto, que tenha de dizer bem do que senti como possível de ser melhorado, de menos conseguido. Usei os adjectivos que melhor me pareceram poder transmitir os meus sentires. As opiniões não são todas convergentes. São-no tantas vezes contrárias, opostas, diferentes. Mas todas devem, têm de ser respeitadas. Tranquiliza-me o ter evitado, nas palavras que traduzem a minha mera e exclusiva opinião pessoal, enquanto direito que me assiste, o carácter destrutivo. Lamento que não o tenham assim entendido. Não sinto ser eu o prejudicado.
Apesar de quase três décadas de experiência também eu sou, muitas vezes, académico. Não o considero ser um defeito. Oxalá tudo o que faço, conseguisse pelo menos ser académico. Considero-o um estado. Um patamar que nos abre a possibilidade de fazer melhor, de progredir. Apesar da minha idade poder ser quase o dobro das vossas, acordo todos os dias disponível para aprender, com quem venha por bem apontar-me pormenores de que não gosta, e que eu possa melhorar, que tenha condições para tal. Os elogios são importantes, mas é no acto de fazer mais e melhor, de corrigir erros, que crescemos.
Estranho que só lhes tenha ‘tocado’ o que escrevi como não elogioso. Não sou ninguém para vos ensinar a arte da declamação, da representação, da interpretação. Tal não me retira o direito de analisar e expressar a minha opinião. Em momento algum do texto refiro ser capaz de fazer melhor do que fizeram. Como não tal não existe, quanto a mim, qualquer razão para se insurgirem como o considero terem feito.
Se estão tão seguras da vossa qualidade, ainda bem para vós. É bom sentirmo-nos seguros. O problema é se o somos em demasia, a ponto de nos tornarmos cegos e incapazes de olharmos, mas sobretudo de sentirmos, o que se passa à nossa volta.
Eu faço questão de continuar a ser humilde. De respeitar para poder ser respeitado. Se as minhas palavras vos fizeram sentir desrespeitadas, lamento dizer-vos que é um problema vosso, da vossa capacidade de interpretar as palavras dos outros, neste caso as minhas.
Termino com um desejo; o de que sejam capazes de caminhar mesmo encontrando opiniões que não vos sejam as mais desejadas. Pensar que todos os espectadores vos aplaudirão como os amigos nos fazem, é pura ilusão. Não construam a estrada para as vossas próprias desilusões.
Mas não deixo de vos agradecer a vossa opinião. Do confronto de ideias poderá nascer a luz.