quarta-feira, 18 de março de 2009

RE[ENCONTRO]

Foto © Anisja


- Olá!

- O…lá… Não acredito… que surpresa!...

- Quis saber como estás…

- Não acredito… mas… como soubeste?... como descobriste?...

- Quando se quer…

- É verdade. Quando se quer…

- Não me convidas para entrar?

- Claro! Desculpa… ainda estou nas nuvens…

- Pois… eu sou real.

- Claro! Claro! Não esperava… é realmente uma surpresa… por favor senta-te…

- Que tens feito?

- Há tanto tempo…

- Nem sabes quanto…

- Acredita que sei! Não duvides que sei!

- Primeiro foi difícil… foi terrível… depois… a saudade foi tomando o lugar da dor e a pouco e pouco o perfume da memória foi tomando conta da saudade…

- …

- …e viagens? Tens feito?

- … algumas. A última…

- Foi aquela que tanto desejavas?

- Não!... essa ainda não fiz…

- Mas não era dessas viagens de que falava… era das outras… das que fizemos…

- … sim!... algumas… mas nunca mais como as que fizemos juntos…

- … ainda lhes sinto o sabor… a força… a intensidade…

- Também… também…

- Lembras-te?...

- Se me lembro?... Como esquecer?...

- … e as pontes…

- As pontes?...

- … as pontes ficaram a ligar duas margens imaginárias que na realidade eram distantes, mas impossíveis de não ficarem ligadas por essas pontes… que as nossas viagens foram revelando… e construindo…

- …

- …



1 comentário:

Milouska disse...

Passos,

Viagens do ser e do sentir, também elas tecendo saudade e pontes.
Esta canção tradicional cabo verdiana sublinha o poema de forma magistral.
Um beijo,

Milouska