sábado, 14 de março de 2009

DETIDAS...

Foto © Komrade


- A sua identificação, por favor!
- Aqui tem o meu BI. Posso saber porque me a pede?
- Confirma, ou nega, ser autor destas palavras, mais destas, e destas, e destas, e destas ainda, mais estas, estas, e estas, e mais estas, estas e estas…
- Confirmo, são minhas!... mas o que se passa… não percebo…
- Por determinação superior do tribunal de jurisdição voluntário, foi emitido um mandato de captura a todas as palavras por si escritas!
- … ! … e de que sou acusado? Posso saber?
- O senhor? De nada! Mas as suas palavras foram acusadas de demasiadas, excessivas, eufóricas, repetidas, insistentes, interferentes, ruidosas, genuínas, ternas, bonitas, perturbadoras, verdadeiras, inidentificáveis, sonhadoras, desejáveis, provocadoras…
- Chega!!! E… que poderei eu fazer para as defender?...
- Nada! Rigorosamente nada! Apenas calar-se!

3 comentários:

Anónimo disse...

gostei muito em particular deste texto que me recordou outro, há muito tempo escrito, com um significado especial. um beijo, paços.

Anónimo disse...

o único crime que lhes reconheço, de facto, é o de serem verdadeiras e sentidas, livres... não creio ser motivo para possam ser detidas. antes pelo contrário...

Gisela Rosa disse...

...nem sempre a razão é a mais justa Passos!
As emoções não têm regulamentos...A voz, qualquer que seja a sua expressão, é imprescindível à vida!