Com as minhas mãos
eu escrevo palavras
que voam sôfregas
dentro de mim,
em busca duma fresta
para se libertarem
Com as minhas mãos
eu escrevo palavras
que desesperadas me magoam
batendo cegas
no interior do meu peito
Com as minhas mãos
eu escrevo palavras
aqui nesta cidade
onde as mãos são capazes de olhar
e os olhares acenam como mãos
Aqui nesta cidade
onde ecoam palavras de Cervantes
Que o papel fale e que a língua se cale!
ou de Lope de la Vega
O verdadeiro amor só conhece a igualdade
Aqui nesta cidade
eu escrevo palavras
que desejo deixar nas tuas mãos
para que as tuas mãos me olhem,
as minhas palavras te beijem
e o meu olhar te acaricie
Com as minhas mãos
eu escrevo palavras para ti...
Aqui nesta cidade
… Madrid
[Na era digital, também da fotografia, Ampliações são as minhas revelações de algumas sugestivas imagens de SONJA VALENTINA; são ampliações escritas, obviamente pessoais, dos pormenores com vida registados pela fotógrafa]
2 comentários:
Boa noite, Passos!
Mais um belo poema!
Esperemos que as palavras do poeta cheguem ao seu destinatário.
Um beijo e boa semana,
Milouska
palavras aprisionadas numa alma desassossegada que o suave correr da pena não apazigua...
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