terça-feira, 17 de março de 2009

AO PÉ DAQUELA TORRE


Ali, ao pé daquela torre, será o ponto de partida, o local onde tudo irá (re)começar. Dali, bem perto daquela torre, eu vou partir. Vou sentar-me, em frente ao mar e olhar para o infinito. À espera… sem cansar. E mesmo que as tardes de sol me tragam calor, e a sede me invada… eu vou esperar… porque a minha sede é, ainda, maior. E mesmo que as manhãs de chuva me tragam o desconforto, e o frio me invada… eu vou esperar… porque o meu frio é, ainda, maior. E em cada noite, quando o cansaço não me deixar resistir, vou encostar minha cabeça no ombro da lua e… vou esperar… que as estações passem, que as crianças cresçam, que a morte parta… e vou esperar… olhando o mar… vou ver as embarcações chegarem e partir… vou ver as marés vazarem e encherem… vou ver os calções dos pescadores transformarem-se em barbas brancas… vou ver os cardumes, a areia, o vento, os relâmpagos a abrir o céu e vou ver as estrelas. E quando uma delas mergulhar no mar, então, eu vou descansar pois nesse instante uma caravela irá desfraldar as palavras ao vento, e o branco das suas velas alagará o mar. E então, bem junto daquela torre, será o ponto de partida para a nossa viagem cruzar o mar…

3 comentários:

Anónimo disse...

que maravilha, encheu-me a alma de coisas boas...
palavras, música, língua, sonoridades..Parabéns Passos!

Milouska disse...

E a caravela de palavras ao vento irá chegar a bom porto.
Um abraço,

Milouska

sonja valentina disse...

o ponto de partida é também muitas vezes o ponto de chegada... lá onde início e fim se tocam, onde o ciclo acaba por se fechar. e virada mais uma página, é altura de (re)começar... é novamente altura de partir.