terça-feira, 20 de outubro de 2009

SOB O ALGODÃO BRANCO

Foto de Jo Graetz


Sob o algodão branco
restam palavras adormecidas,
são o silêncio dos segredos
reflectido na penumbra
da pele por arrepiar.

Correm caudais de soluços
engolidos na solidão
duma torrente de dias
desenganados pela espera,
secos pela vacuidade.

Sob o algodão branco
correm lençóis de sonhos
acordados na voz dum corpo,
ilha perdida no mar
desgarrada num vento sem rumo.

Dedos perdidos escondem-se
sob o algodão branco,
pele artificial da noite
onde o desejo procura o dia
a desflorar em gritos de amor.

7 comentários:

Gi disse...

Esta noite já puxei um grande pedaço de algodão branco para cima de mim. :)

elsafer disse...

hummm , esta imagem , as palavras e ainda a musica de Ana Carolina ... faz muito mal

;)

sonja valentina disse...

à flor da pele... arrepio.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Um poema nostalgico, e muito bem construído.

A foto que escolheu está a condizer muito bem com as suas palavras.

Deixo um beij

AnaMar (pseudónimo) disse...

Acordar as palavras adormecidas com esse sentir.
Depois mostrar os dedos, segurar o algodão branco e encontrar o poema.

Assim, como tu fazes...

Bj

Tia [Zen] disse...

Que poema... acolhedor...

Um beijo

Luz disse...

Um algodão branco carregado de amor.
Amor adormecido nas palavras, um silêncio que arrepia...
Sonhos num corpo vivo entre lençóis, onde os dedos se procuram no algodão branco com desejo de amar...e, assim despertar para o dia.

Muita leveza e suavidade neste sentir de poema...