sexta-feira, 9 de outubro de 2009

RUA DA INCONSTÂNCIA

Foto de paintednegative


Quis regressar mas perdi-me
neste deserto murado.

Construo oásis
nos voos de abutres emergindo do céu.

Desenham-se labirintos
nos passos desordenados em fuga às sombras.

Perdi as fases da lua.
Sou marinheiro
com duas embarcações no olhar
atracadas
em demanda de um ideal
navegante nos mares da utopia
ou presas a um cais
num mascarado cepticismo
de empreender nova viagem.

Mata-me de sede
esta indefinição que tapo com a pele.

Caio
no vazio do céu que me enche.
Não é um espaço por preencher
antes um oceano que me engole.

Passam por mim
auto-estradas de areia,
vertigens cravadas na carne,
sufocos que me cerram as pálpebras.
Esqueço-me de ver.

Procuro
e não sei onde guardei as chaves
da casa que habita em mim,
lugar onde quero morar.


2 comentários:

Milhita disse...

Mais uma orquestra de palavras em que me revejo, envolvo e deleito
Parabens

Luz disse...

Um sentir que sentimos tantas vezes em nós, esta procura, esta busca de nós que auspiciamos. Conseguimos alcançar este deserto, caminhar por todos os labirintos, ver as fases da lua e, em toda a indefinição definirmo-nos nesta sede que nos mata no vazio que, por vezes,nos assola a alma..., mas lembramo-nos de nós e conseguimos ver o que procuramos, entramos e ali sentimo-nos nós e deixamo-nos ser.
Gostei muito do poder destas palavras. Obrigada pelas mesmas e, também pela visita a um dos meus espaços.