sexta-feira, 2 de outubro de 2009

POR DETRÁS DAQUELA JANELA


Por detrás daquela janela
fede o odor da esperança
esquecida no eterno adiamento,
inquieta-se uma antologia de noites
desfeitas no cansaço da espera
desiludidas no raiar das manhãs.

Por detrás daquela janela
ouve-se o choro de um réquiem
afogado na maré vaza de afectos,
insurge-se um dialecto de silêncios
sussurrado em palavras gastas,
ressequidas pela ausência do escutar.

Por detrás daquela janela
habita um corpo aferrolhado na solidão
lutando contra o outono da desatenção,
algemado às raízes da indiferença,
sequioso de acender as asas
que libertem o voo da alma.

4 comentários:

Sonia Schmorantz disse...

Eu sempre vejo as janelas como pontos de mistérios, por trás dela sempre haverá muitas histórias, segredos...Talvez por isso nos fascinem tanto!
É um lindo poema
Um abraço, ótimo final de semana

Milhita disse...

Por detrás dessa janela, há o reflexo de uma alma que respira.
Vale a pena visitar palavras sentidas como estas.
Um bom fim de semana

Alexandra disse...

Por detrás de qualquer janela existe sempre uma realidade desconhecida que, pode seguramente, ter esta 'cor'. Mas, por detrás dessa janela encontra-se também a esperança, mesmo que seja latente. Essa, faz parte do ser humano, mesmo que muito escondida lá no fundo!

Um abraço.

Luz disse...

Um poema muito bonito que nos interpela. Por de trás de uma janela pode sempre existir tanta coisa, uma vida que se abre ou, uma vida que se fecha...
Um mistério insondável que se repercute de geração em geração, uma história de amor vivida para lá dos vidros daquela janela, ausências, esperas, esperanças, dores, sentires, sonhos, desejos, quereres, amores perdidos ou, por perder, silêncios, gritos que não se fizeram ouvir, ânsia de sentir a liberdade num voo alto de uma alma solitária que quer viver por detrás daquela janela e para lá dela..., abrir, sair...

Belo como sempre.