sábado, 10 de outubro de 2009

À ESPERA DO VENTO

Foto de Armand Belakow


Ato-me
a este oceano vazio
onde os corais choram
lágrimas secas de sal.
Rodam
em torno de mim
marés que não abraço.
Estão mais longe
as praias de areia despida.
O horizonte
é uma linha ténue
que separa o dia da noite
não diferenciando
a chegada da partida.
Engulo
o sabor amargo da espera
eternizado na insegurança
da alvorada.
Flutuam sobre mim
correntes de querer,
pétalas de desejo
disfarçadas de amor.
Oiço o cântico das sereias
soletrado nas palavras
que me acordam.
Subo àquele rochedo,
ermo onde prendi meu coração,
sacudo de mim o pó das estrelas
e fico…
à espera do vento.

5 comentários:

Piper disse...

Que escrita magnífica :)
Gostei muito muito!

Luz disse...

Já tinha passado por aqui por ter lido alguns comentários no blog da milhita, gostei do que li. Gosto da profundidade das palavras ditas ou, escritas, são sentidas.
Obrigada.

Unknown disse...

Sim, as palavras são pérolas, pintam uma paisagem animada, em ambientes de água, sal, areia despida, rochedo, terra e céu, sol e vento, amor, desejo e insegurança...

porque esta espera do vento? para levantar voo?

Tia [Zen] disse...

Sublime...

"sacudo de mim o pó das estrelas", que frase magnífica.

elsafer disse...

não tenho por aqui passado, pois outros projectos se tornam mais relevantes , mas sempre que retorno as palavras fazem-me sorrir
;)