terça-feira, 21 de julho de 2009

UMA ONDA... DE MARÉS VIVAS

Foto recolhida aqui

No sábado, fui arrastado numa maré viva. Num impulso meio adolescente, ainda que previamente delineado, deixei-me ir na onda e rumei até ao Cabedelo, onde se prometia um conjunto de concertos digno dos 25,00€ pagos para ter acesso.

Confesso que ainda nunca me aventurara em alguma destas iniciativas que, de ano para ano, marcam mais os Verões. Uma teria de ser a primeira. E ainda que para fiscalizar (sem controle remoto) a adolescência que me descende, lá fui até ao palco mais procurado na área do Porto, no passado dia 18.

Perante a minha total inexperiência e desconhecimento sobre o funcionamento destes acontecimentos, uma vez que fora anunciado os concertos se iniciarem pelas 18h00, e as portas abrirem uma hora antes, organizei-me para lá chegar entre uma hora e a outra. Assim aconteceu.

Já passava das 17h00 quando o autocarro me deixou na última paragem, a que dava acesso ao Festival. Uma multidão aglomerava-se à entrada e uma fila ordenava-se para um dos lados da estrada. Civilizadamente fui colocar-me no final da fila. Mas abertura das portas não era acto que se vislumbrasse. O tempo foi correndo e, à boa maneira portuguesa, foi formada uma outra fila para o lado oposto… às 18h00, quando a primeira banda portuguesa iniciava a sua actuação, resolveram franquear os acessos.

À entrada, os fiscais obrigavam a que nos desfizéssemos das garrafas de água com tampa, ou pelo menos desta última. Princípios de segurança que se revelaram inconsequentes, pois dentro do recinto vendiam garrafas de água com… tampa! O concerto de Gabriela Cilmi anunciava-se [pelo boca a boca, pois no site oficial não conseguira descobrir] para as 20h30. Faltava muito tempo! Dois destinos monopolizavam já os milhares que haviam entrado: os primeiros lugares junto ao palco principal e a área das comidas. As bandas portuguesas actuavam num palco mais pequeno para algumas dezenas de pessoas.

Com alguma antecedência, fui tomar o meu lugar sentado, no chão entenda-se, e aguardar. Por instantes sentia-me fora do contexto quando olhava à minha volta e não via ninguém que se aproximasse da minha idade. Tranquilizava-me quando avistava um progenitor acompanhado da sua ‘cria’.

Impreterivelmente à hora marcada, Gabriela Cilmi subiu ao palco e iniciou a sua actuação. Ao ritmo de uma hora para cada concerto, intervalado por meia hora de montagens técnicas, afinação de luzes e som, e mais acertos, sucederam-se Colbie Caillat, Jason Mraz e os Keane. Gabriela Cilmi, porventura, a menos mediática de todos os que actuaram, surpreendeu pela sua maturidade e o modo como conseguiu agarrar o público para além do seu êxito mais conhecido:
Sweet about me.

O espectáculo cresceu com Colbie Caillat que fez incursões pelos blues, que reviveu
Killing me softly with this song, de Roberta Flack, permitindo juntar adolescentes e adultos a cantar com ela, e que se fez acompanhar por uma extraordinária banda onde destaco Justin Young. Terá pecado, na minha opinião, por exagerados mimos à plateia, os quais me soam sempre a acções de charme dispensáveis por não serem totalmente sinceros. Antes de cantar Bubbly lamentou que Jason Mraz estivesse atrasado e não pudesse cantar com ela o dueto Lucky, esperado pela esmagadora maioria dos presentes. Eu incluído, confesso! Era obviamente mais uma acção de charme.

Jason Mraz chegou antes do dia mudar. A noite tomou, ainda, mais a temperatura do Verão ao som dos ritmos das percussões caribenhas e do trio de instrumentos de sopro. Foi sem dúvida quem colocou a plateia mais em acção, incitando a participação duma forma mais intuitiva. A meio da sua actuação satisfez a expectativa da multidão chamando Colbie para o momento, arrisco, mais esperado da noite. A concluir, recorreu à composição de Lionel Richie para pôr os milhares de pessoas a cantar
All night long.

Os Keane fecharam a noite. Os mais consagrados de todos os actuantes seriam os que traziam maior número de canções popularizadas. Apresentaram, em sucessão, inúmeros temas como
Nothing on my way, Somewhere only we know, Everybody’s changing ou This is the last time, cantados por muitos milhares de vozes.

Nesta onda de marés vivas senti um inesperado conjunto de horas com idade indefinida. Rodeado por
teenagers, senti-me velho por ali estar. Mas, por outro lado... Talvez... Durante a actuação de Jason Mraz, uma adolescente, mesmo ao meu lado, de trinta em trinta segundos gritava o nome do intérprete seguido de um grito agudo histérico. E porque denotava uma genuinidade extrema era impossível não sorrir perante a sua atitude. E… acabei por me sentir mais jovem, por ali estar.

5 comentários:

Alexandra disse...

Não importa a idade, mas sim o 'espírito' e a motivação, porque...todos temos uma criança e um adolescente dentro de nós...basta deixá-los sair!

isabel mendes ferreira disse...

e eu gostei especialmente deste "estar".




cumprimentos.

C. disse...

Qual idade qual quê! E o Jason Mraz bem merece a cumplicidade de um público heterogéneo. Ou como "eles" dizem - é bué da fixe!

Que inveja dessa maré viva de sábado :-(

Gi disse...

Eu fui a tantos, mas a tantos, tantos que, nesta altura ( e nós somos praticamente da mesma idade) ando numa de assentar arraiais em terra firme e deixar-me de marés com ondas de gente.

Tia [Zen] disse...

Fico contente que gostaste de estar por cá...
Beijo