quinta-feira, 19 de novembro de 2009

FERNANDO TORDO NO TEATRO DA TRINDADE

Foto recolhida aqui


Seis da tarde. A cidade realiza o sprint final de mais um dia. Corre no regresso preparando a noite. Às vezes chegam palavras, chegam recados. Quando as palavras chegaram senti-as… ainda que não tivesse lhes atribuído o recado que hoje lhes saboreio. Quando elas chegaram, lembrei-me o muito que respeitava e admirava as canções dum senhor que ontem fui ouvir cantar ao Teatro da Trindade.

Um concerto curto de sessenta minutos. Pouco mais que meia dúzia de canções intercaladas por muita aprazível conversa. Muitas palavras em que as suas memórias nos levaram a simbólicas homenagens a homens como José Carlos Ary dos Santos, José Calvário, Raul Solnado, João Maria Tudela, Pedro Osório, Carlos Mendes… Palavras que nos mostraram as emoções pessoais do homem que aos sessenta e um anos se comove com o neto que a sua filha lhe ofereceu, ou com o prémio Saramago com que o seu filho foi recentemente distinguido. Palavras que nos revelaram histórias do nascimento de algumas das suas canções. Canções que elegeu para cantar ontem. Foi o prazer de lembrar a existência de João e Joana, ou Adeus Tristeza. Foi a oportunidade de trautear letras que percebi a memória não ter esquecido.

Entre o muito que lembrou e revelou, transmitiu, de novo, a facilidade com que o monstro Ary dos Santos pegava nas composições que lhe levava e as musicava com letras que são poemas dos mais bonitos escritos na língua portuguesa. Letras de canções que têm cheiro e cor, em que nos afundamos com o prazer de quem se sente abraçado pela arte da escrita.

De algumas dessas histórias tento aqui reproduzir a ocorrida quando, após terem concluído Cavalo à Solta, Fernando Tordo e José Carlos Ary dos Santos se estendiam por largo tempo à procura dum título para a canção. No meio de muitas divagações, indecisões, conjecturas e propostas, eis que João Maria Tudela, que acompanhara nesse dia Fernando Tordo, timidamente se intromete e lhes diz algo como: “Desculpem! Mas como é que dois animais que acabam de fazer uma canção como esta não vêem que o título só pode ser Cavalo à Solta?”

Na vida há momentos em que nos chegam palavras que nos mergulham num sorriso enorme. De felicidade!


1 comentário:

Anónimo disse...

Birra tripeira: sempre a mesma coisa. Cultura retida na capital. Grrrr...