
Foto de Marc Vreenegoor
Diz-me que os olhares não falam
quando a ocasião os surpreende
num cruzamento inesperado,
em que a agnosia do idioma os prende
numa explicação inaudível
traduzida numa tentação irrecusável.
Diz-me que os olhares não falam
quando se abrigam num recato ensaiado
de quem saboreia o prazer
ao sentir-se observado,
mas rejeita mostrar intenção de se oferecer,
fechando-se sobre si mesmo,
dobrando a percepção do que sobre si se foca.
Diz-me que os olhares não falam
quando na discreta procura
encontram o que pensavam poder evitar,
mas secretamente desejavam desafiar.
Diz-me que os olhares não falam
quando voluntariamente não se desprendem,
mesmo ignorando que vocabulário usar.
Diz-me que os olhares não falam
quando o teu e o meu se reencontram
.… se entendem na sintonia,
dizendo o que as palavras calam
e só os corações não silenciam.
8 comentários:
Os teus olhares
...falam, rimam, cantam, voam, mergulham, surpreendem, desafiam, apaixonam, prendem...
que lindo poema!
Um olhar, esboça sentidos antes mesmo do pensamento..
Digo, um olhar vale mais que mil palavras!!!
Mágica... essa linguagem do olhar...
E a Mafalda... que bom recordar.
Beijo
... se falam! e dizem muitas mais verdades que as palavras. estas são escolhidas, os olhares não. impossível mentirem.
A linguagem do olhar é, seguramente, a mais verdadeira!
Bonitas palavras, como sempre!
Um olhar consegue dizer mais que mil palavras!
Linda como sempre...a tua escrita!
Bom fim-de-semana.
e eu digo que os (teus) olhos falam.
bonito poema!
beij
Como dizer que os olhares não falam..., falam e muito, dizem tanto de si e, do outro sempre que com ele se cruzam e, nessa sintonia se deixam ver, entender calando todas as palavras e, vêem nascer o novo dia...
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