terça-feira, 10 de novembro de 2009

O POETA OLHOU AS MÃOS

Foto de Angela Vicedomini


O poeta olhou as mãos
reflexos dum espelho
onde a vida se escondia.
Embaciavam-se as certezas
em aguaceiros de dúvidas,
intermitência duma luz
esquecida da sua firmeza.
Esboçava-se em tracejado
a linha, antes, contínua.
Desfocagem de imagens
sobrepostas à nitidez do rumo.
O poeta olhou as mãos
e nublou-se-lhe a visão.
Guardou-as.
… até que a monção
sopre num novo olhar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá!
Este é dos mais difíceis... Guardar o reflexo da vida. Um atrevimento, uma ousadia. Talvez.

Unknown disse...

sinais, reflexos da vida nas mãos, que nas suas linhas guardam segredos que a melhor vidente não nos consegue desvendar...

olhar para trás e perceber as linhas tortas do destino, saber guardar e apreciar o que, na altura, não parece fazer sentido,
aceitar e olhar para frente...

traçar novos rumos, com confiança, apesar das linhas tortas, que todas elas fazem parte destas mãos...

Tia [Zen] disse...

Que belo!

Parapeito disse...

...uma monçao...que vai lavar a alma e clarear a visão...

******

AnaMar (pseudónimo) disse...

As mãos dos poetas contêm olhares que nos fazem ver para lá do espelho.

Há tanto tempo que aqui não vinha.
tanta leitura para por em dia :-)
Bj de saudade