sábado, 4 de julho de 2009

DELEITE

Foto de Andy Kämpf


Dos meus braços deitei-te no leito
roubado às folhas daquele pessegueiro
onde alperces perfumavam a pele do sono
Acordada dormias um prazer ouvido
na entoação da espuma dispersa
pelos poros onde o sal repousava
Sabia que os lábios se encheriam de sede
se a minha boca provasse a água do fogo
ardendo confidencialmente no teu corpo
Despi-te com as mãos de versos brancos
à procura de cor na paleta de sorrisos
com as carícias que acolheram a chegada
Dividi-te em mulher e folha vazia
ansiando por um rascunho de ternura
ensaiado num sufoco de vocábulos por descobrir
Pousei sobre ti as minhas ruínas de poeta
ansiando pela leitura cheia dum abraço
comungando o desejo corporal
de fazer com minhas palavras teu deleite,
do teu respirar a minha noite.

4 comentários:

elsafer disse...

as palavras deliciam a alma e confortam o dia ... como é bom pinta-lo suavemente com pequenos registos de ternura
;)

Gi disse...

Há jeitos
que são deleites
E que afastam todas
as maleitas.

Charlotte disse...

As tuas palavras são de uma sensibilidade inexplicável...

Tia [Zen] disse...

Puro deleite é ler um poema assim...
Um estímulo aos sentidos.