sábado, 25 de abril de 2009

STACEY KENT

Foto tirada daqui


‘tantos sonhos, qual será meu? tantos sorrisos, qual escolho?’…

Nas sombras do palco, as distâncias entre si eram mínimas, talvez para assegurar que seriam um uníssono. Quando os instrumentistas lhe deram vida, os primeiros acordes provaram as suas individualidades, as suas mestrias para sobreviverem por si sós, mas certificaram que estavam ali para viverem juntos, pelo menos naquela mais de uma hora que agora começava, pelo menos até que lhes pedissem para tocar pela última vez, naquela noite. Um raio de simplicidade trouxe a sua voz a palco. Serenidade, limpidez e frescura raiaram das palavras que cantava, com a voz que é ‘um suspiro’ ou ‘um confidente murmúrio’. Da colaboração entre Jim Tomlinson e o romancista Kazuo Ishiguro nasceram muitas das canções interpretadas, ontem à noite no Auditório do Museu Fundação Oriente. Águas de Março, Corcovado e Samba da Bênção foram ouvidas nas línguas de Rimbaud ou de Shakespeare. Um estímulo envolventemente redondo foi timbre do muito que se ouviu. Contudo, uma sonoridade menos repetitiva, menos insistência na tentativa de agradar através da simpatia manifestada pela cidade que a acolheu, temperados com uma ou outra mais incursão pela Bossa Nova, teriam sido perfeitos. 

 

2 comentários:

Gisela Rosa disse...

...a sua voz é um campo de sensualidades,
bela escolha!

Marta disse...

Gosto desta rubrica. Passos de vista tem trazido bons momentos.