domingo, 5 de abril de 2009

UMA PORTA ENTREABERTA [will you let me in?]

Foto © Sonja Valentina


Uma porta entreaberta… será convite? ou esquecimento?

Será convite? Se assim for haverão dois braços abertos na expectativa de se esmagarem num abraço, uma boca ardente de beijos, um corpo para se afogar em carícias, milhares de palavras que em silêncio falarão mais do que mil páginas dum livro… e um tempo eterno que mesmo depois de gasto perfumará com ternura a memória dum momento vivido em labaredas dum vulcão.

Será esquecimento? Se for essa a causa encontrarei outro corpo no lugar do meu, um abraço onde meus dois braços não cabem, uma boca já saciada de paixão, palavras soltas tentando justificar o que é evidente… e um tempo escasso que perdurará eternamente com sabor amargo da mentira mergulhada num lago gelado pela traição.

Não resisti… entrei e… deparei-me com quatro paredes vazias… um espaço oco… inócuo… despido… nu… sem imagens… sem palavras… sem memórias… sem tempo… sem corpos, desejos ou mentiras… um espaço desabitado… sem reflexo… sem luz… sem sol… e uma única frase repisando nos meus ouvidos: para quê as palavras se a casa está deserta?


[Na era digital, também da fotografia, Ampliações são as minhas revelações de algumas sugestivas imagens de SONJA VALENTINA
; são ampliações escritas, obviamente pessoais, dos pormenores com vida registados pela fotógrafa]

5 comentários:

Alexandra disse...

Da "Sombras de Mim" passei por aqui. E, ainda bem. Adorei!

Quantas vezes não resistimos e nos deparámos com paredes vazias...

Bom Domingo.

Claudia Sousa Dias disse...

posso-te pedir licença para postar o comentário que puseste no blog da Marta em espanhol, no meu blog, rendez-vous-arabie?

csd

mariab disse...

nem sempre para lá duma porta entreaberta (ou mesmo escancarada) se encontra amor. por isso perseguimos, tantas vezes, sonhos incoerentes. de qualquer forma, o teu belo texto é prova de uma alma aberta aos outros.
beijos

Isabel Victor disse...

passei e gostei. muito

levo esta música


adoro



abraço

iv

Vera de Vilhena disse...

Caro Pas(ç)sos, tem toda a razão em "ralhar" comigo. Ao exigir, salve seja, que se identificasse, já estava à espera de uma resposta como a que me deu. Afinal, quem decide adoptar uma alcunha, tem as suas razões. Para mim é de facto estranho não saber o sexo, a idade, a profissão, as origens de quem "conversa" comigo, como se falasse com um estranho de olhos vendados. Mas estas coisas são mesmo assim, e devo considerar-me feliz por chegar além do ciclo de família e amigos, Assim que iniciei o meu blog, no passado dia 1 de Março, o meu marido, conhecendo a minha natureza algo ingénua, alertou-me: "atenção ao que escreves: não te esqueças de que é uma montra aberta ao público, toda a malta lê!" e eu tento não me esquecer disso. Peço desculpa se fui inconveniente de alguma forma, não era minha intenção. Quanto aos seus passos até ao meu blog, fiquei esclarecida, foi provavelmente atraves do Zafón, pois reparei, no seu perfil, que o elegeu (tal como me disse noutro comentário) entre os seus favoritos. A título de curiosidade, li algures que a saga ainda não terminou, pois vêm aí, pelo menos, mais dois volumes! Sabia? Volta e meia espreito o site dele, vejo entrevistas que deu, e acho curiosa a faceta do Zafón como músico compositor. Espero que não haja ressentimento da sua parte. Vamo-nos vendo por aí, cruzando os nossos passos de vez em quando.Um abraço amigo,
Vera de Vilhena