quarta-feira, 1 de abril de 2009

TRÊS PERAS SOBRE A MESA


Três peras sobre a mesa quando pela janela entra a luz matinal do pequeno-almoço. Três peras sobre a mesa… mais nada. Porque ainda nada houve ou porque já tudo desapareceu? Três peras para um pequeno-almoço a dois? E a terceira para quem é? Três peras sobre a mesa. Uma deitada, duas em pé… alguém arriscaria chamar-lhes ‘natureza morta’… ah ah ah ah, como eu as vejo moverem-se… como num jogo em que duas terão sempre de ficar de pé. A última a alinhar terá de deitar-se… e o jogo não pára. Não termina pois nós dois ainda estamos deitados. A cama ainda é o nosso terreno, e o desejo ainda não é o pequeno-almoço. Três peras sobre a mesa… brinquem, joguem, aproveitem… deitem-se e levantem-se… ‘natureza morta’!?... quem poderia inventar ideia mais ridícula?... gozem a luz que entra pela janela e deixem as sombras esconder-se atrás de cada uma de vós. Três peras sobre a mesa… e no quarto ao lado, dois corpos no leito. De pequeno-almoço ainda não se faz o desejo… pois quando assim for deixarão de haver três peras sobre a mesa. Talvez uma reste… e não haverá mais ‘natureza morta’, pois das três peras sobre a mesa, duas… mataram a fome, numa manhã de desejo.

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