sexta-feira, 10 de abril de 2009

PERCO-ME

Foto de Mal Smart

Perco-me na imensidão do tempo
que inunda de silêncio o dia
onde sobram minutos às horas
preenchidas de ausência
Perco-me no infinito do nada
que resta em ondas de dolência
impelidas pela inexistência de ruídos
arrastados à força da divisão
Perco-me na memória de vida
transplantada para novo rumo
corrente que ainda não conheço
barragem que urge superar
Perco-me no segredo das palavras
gritantes do que devo calar
emoções frustradas pelo eco da razão
sentimentos abortados por revelar
Perco-me na longevidade do dia
temendo o vibrar frio da noite
e quando o escuro suprimir a luz
perder-me-ei no incómodo da insónia
Perco-me na história recente
que sobre o mar da dor flutua
oiço em acordes repetidos
a melodia roubada à verdade nua

2 comentários:

Alexandra disse...

Quem não se perde?! Quem não teme?! Só quem não tem sentimentos. E será que existe -dentro da normalidade- um Ser Humano que não os tenha? Não me parece.

Por vezes, perdemo-nos para nos voltarmos a encontrar...

Helena Branco disse...

Belo é o que caminha...gastando-se até ao último ai...