Foto de Philip LePage
Vindo do lado mais inesperado, aquele cão cinzento atravessou-se à frente do carro obrigando-a a uma travagem brusca para evitar atropelar o animal. Conseguiu-o. Só não impediu que a viatura que a seguia se enfeixasse na sua. O coração disparou… o atropelo evitado do cão, a batida, o tempo a perder e a retirar ao que já era nenhum, as burocracias com o seguro, o carro na oficina… alguns segundos mais e já estava na rua, observando os ‘estragos’. Com cordialidade trocou culpas com o condutor de trás, com quem, agora, dialogava frente a frente. Permuta de documentos. Declaração amigável. Anotação de dados. Acordo sobre a forma de participar às companhias seguradoras. ‘Vá lá… poderia ter sido pior’, pensou para consigo. Enquanto arrumava os documentos, a agenda e… procurava as chaves do carro, dirigiu-se à porta. Encontrou as chaves, accionou o comando do fecho central, abriu a porta e preparava-se para entrar… ‘Desculpe!’, gritou o seu mais recente interlocutor, ‘não cheguei a anotar o seu contacto…’ ‘Está aí nesse cartão cinza esverdeado!’, respondeu-lhe fechando a porta e ligando a ignição. Sem que desse por isso, o proprietário do outro carro continuava a procurar entre os papéis o dito cartão… Embraiou a primeira, confirmou que nenhum cão se iria atravessar, olhou para o passeio certificando-se que ninguém se preparava para cruzar a estrada e reparou num homem que olhava para si. Olhares que se cruzam e fazem parar o tempo por instantes… aliviou a embraiagem… carregou no acelerador e… não reparou que o tal homem, dono do olhar com o qual o seu se cruzara, tinha na mão, um cartão cinza esverdeado…
1 comentário:
Tenho a certeza que, se não houver amanhã, o seguro não terá oportunidade de morrer de velho.
Obrigada pela sua visita e comentário no meu blogue. Espero que continue a aparecer. :)
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