quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

DE SEGREDO EM SEGREDO

Foto de Justin Hofman


De segredo em segredo
levas-me pela mão
até ao cabo da memória,
onde os pensamentos
se esqueceram de lembrar.

Ali, naquele extremo
onde a terra desistiu
de invadir o mar,
e as tuas recordações
são vagas
rebentando na areia
que abres ao meu olhar.

Nem sempre a vida
tem a persistência do oceano,
e as ondas cansam-se
de rebentar na praia
desistente de olhar o mar.

É difícil voltar ao pélago
em demanda duma ilha
perdida na imensidão
sob um céu de nuvens.

Paro!
… entre o caminho errante
e a descoberta dos rumos.

Olho-te!
… nesse espelho de água
estilhaçado no voo das gaivotas.

Mergulho!
… num abraço de maresia
suplicando que o transborde.

Sou istmo deste querer
que os corpos ainda separam
mas os corações desejam.


3 comentários:

Unknown disse...

Lindo, lindo, mais um poema a saber a maresia, segredos, recordações, saudades do
cabo da memória...
cabo da boa esperança...

não, a vida nem sempre tem a força persistente do oceano, mas não acredito que a praia desiste de olhar o mar...

sim, mergulha num abraço de maresia, no desejo dos corações, que aponta o horizonte ao caminho sem rumo...

e olha o mar, o mar...

Anónimo disse...

:) Está tudo "MUITO BEM!" ;)

BeatriceMar disse...

deixo meu trilho.