sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

HOJE EU

Foto © Grant Edwards


O Universo é incomensurável
e eu uma imperceptível partícula
um insignificante e dispensável átomo
… o Mundo não precisa de mim para continuar a girar

Caminho no meio da multidão
e os meus passos perdem-se
ignorados no meio de tantos outros
sem que haja desejo perseguindo o meu trilho

Procuro um olhar onde mergulhar
mas todos estão fechados, vazios,
… são insípidos … ou loucos

Desejo uma mão para agarrar, uns dedos onde tocar
e todos estão fechados, guardados, ocupados
ou são horrendos

Já me senti capaz
de abraçar o mundo
de suportar sobre o meu peito o peso do globo
Hoje sinto-me ínfimo
esmagado pelo peso do planeta
espezinhado pelo caminhar das gentes

Já me senti útil
necessário
Hoje, dispensável, desprezível, ignorado

Desci ao calabouço mais profundo do meu ser
mergulhado na escuridão
molhado por uma humidade solitária
queimado por uma pérfida alma
pisando páginas nauseabundas, traiçoeiras, repugnantes
do meu eu

… sem encontrar o rumo novo que tomar


1 comentário:

Milouska disse...

Passos,

Há sempre, nestas circunstâncias, a necessidade de uma certa solidão. Para balanço, auto-reflexão... para aquilo a que eu chamo de "luto" em nós próprios.
O poeta saberá, tenho a certeza, encontrar esse novo rumo... mesmo que o não procure.
Bjo amigo,

Milouska